Perigos do álcool: impactos na saúde e na sociedade

As pessoas sabem quais são os perigos do álcool, mas muitas não levam em consideração as consequências que podem sofrer no futuro. O consumo exagerado de bebidas alcoólicas é um problema social, que deve ser levado a sério.

Para entender melhor sobre o assunto, siga com a leitura e descubra mais sobre as consequências do consumo excessivo de álcool e como combater a doença do alcoolismo. 

O que é alcoolismo?

O alcoolismo é uma doença caracterizada pela dependência do indivíduo ao álcool. Segundo o hospital Albert Einstein, 10% da população brasileira sofre com vício. As mulheres correspondem a 30% dos casos, enquanto os homens são a grande maioria, com 70%. 

Definido como uma vontade constante, descontrolada e progressiva de ingerir bebidas alcoólicas, o diagnóstico de alcoolismo não tem relação com o tipo e quantidade da substância ingerida, mas a capacidade em controlar o consumo de bebida.

Consequências do consumo excessivo de álcool

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o abuso de álcool está atribuído a mais de 5% da carga mundial de doenças e lesões. Ademais, compromete o funcionamento do cérebro e afeta vários outros órgãos. 

Cerca de 3 milhões de pessoas morreram por consequência da bebida em 2016, conforme relatório divulgado pela OMS. Esses índices estão relacionados somente aos viciados.

 Os números dobram quando ligamos aos perigos que ele oferece a toda a sociedade. Acidentes de trânsito, violência doméstica, problemas no trabalho, má relação entre pais e filhos são algumas das consequências e possíveis causas de morte por excesso de álcool. 

Doenças causadas pelo consumo de álcool

O Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa) reuniu as 10 principais doenças e os riscos do álcool para a saúde. Confira:

Doenças do fígado

Estima-se que entre 90% e 100% das pessoas com dependência de álcool desenvolvam hepática gordurosa (acúmulo de gordura no fígado) como consequência precoce e ainda reversível. Com a continuidade do vício, o quadro pode evoluir para a hepatite alcoólica. Cerca de 40% dos casos evoluem para cirrose, inflamação crônica irreversível do fígado e até insuficiência hepática. 

Pancreatite

O abuso de álcool é uma das principais causas da pancreatite. A repetição de quadros torna a doença mais grave e pode levar à forma crônica, com mau funcionamento do pâncreas de forma irreversível. A taxa de mortalidade de pacientes com a enfermidade é cerca de 36% maior do que a população geral. 

Problemas gastrointestinais

Os efeitos do álcool podem causar lesões no esôfago e no estômago e provocar sangramentos, vômitos e sintomas de refluxo. Além disso, o álcool interfere na digestão e secreção do suco gástrico produzido pelo estômago, levando até ao desenvolvimento de úlceras. 

Neuropatia periférica

Neuropatia periférica é um termo utilizado para indicar lesões nos nervos do nosso sistema nervoso periférico, que transmitem impulsos nervosos do cérebro e da medula espinhal até diferentes locais do corpo, como mãos e pés. A doença pode causar dormência, formigamento e fraqueza muscular. 

Doenças cardíacas e vasculares

O alcoolismo está ligado a liberação de hormônios relacionados ao estresse. Eles atuam na contração de vasos sanguíneos e influenciam na pressão arterial, podendo causar problemas como a hipertensão, aumento do colesterol e triglicerídeos e também na alteração do funcionamento de plaquetas. 

Arritmias, inflamação do músculo cardíaco, infartos agudos e AVCs são perigos que o consumo de álcool pode acarretar. 

Prejuízos cerebrais

O uso excessivo de álcool pode causar dificuldades no raciocínio, além de alterar sentidos importantes do corpo, como de perigo e de comportamento. Problemas de insônia, falta de equilíbrio e coordenação motora, diminuição dos reflexos e demência estão presentes em casos de alcoolismo. 

Disfunções do sistema imunológico 

Quando o padrão de consumo de álcool de uma pessoa é grande, ele interfere na contagem de células brancas no sangue, responsáveis pela proteção do corpo contra infecções. Pode ocorrer também o enfraquecimento do sistema imunológico e aumentar a chance de complicações se houver algum acidente ou lesão, caso o indivíduo tenha alguma doença preexistente.

Anemia

Ligada aos casos de problemas gastrointestinais, a anemia pode ocorrer por conta da baixa absorção de nutrientes. Em alguns casos, a dieta da pessoa é nutricionalmente pobre e, somada ao efeito tóxico do álcool, pode levar a quadros mais graves, como macrocítica ou megaloblástica.  

Osteoporose

O álcool interfere no equilíbrio metabólico do cálcio e na produção de vitamina D. Quando consumimos em abundância, ele influencia na saúde dos ossos, especialmente no processo de mineralização óssea.  Por isso, o risco de desenvolvimento de osteoporose em idades mais avançadas e possíveis fraturas é maior. 

Câncer

Vários tipos de câncer estão relacionados ao consumo excessivo de álcool como de boca, esôfago, estômago, fígado, cólon, reto e de mama. Não é possível ainda saber quais são os agentes causadores, mas sabe-se que um dos componentes presentes nas bebidas, o acetaldeído, pode ter efeitos cancerígenos. 

Consequências do álcool na família

O impacto do álcool na vida de uma pessoa é como um vírus, contamina todos ao seu redor. Quando uma pessoa é diagnosticada, a estrutura familiar é afetada. O alcoolismo é uma doença que destrói vidas, tanto do indivíduo quanto de quem está ao seu redor. 

Além das doenças citadas, o álcool afeta o psicológico. A autopiedade, o remorso, a culpa pela ingestão, a perda de autoestima, a depressão, o isolamento, são alguns dos sintomas que repercutem em todas as atmosferas da vida de uma pessoa, inclusive no relacionamento com amigos e familiares. 

A família é considerada um suporte em casos de recuperação do vício. Geralmente, alguém próximo do alcoolista é quem percebe os primeiros sintomas e oferece ajuda. O papel dos familiares é encontrar a melhor solução para todos e considerar todas as adversidades e problemas que podem acarretar, sempre focando no bem-estar do dependente. 

Quando e onde procurar ajuda?

Os sinais do alcoolismo são diversos e podem ser difíceis de identificar. Por isso, é preciso estar atento à frequência e à quantidade do consumo. Outro fator é entender o papel que a substância desempenha no cotidiano do indivíduo, se ele bebe ocasionalmente ou somente em eventos especiais, se apresenta desculpas variadas, etc. 

Caso a pessoa apresente qualquer sintomas das doenças citadas acima, é necessário ter um diálogo firme e sensível, mostrando que está precisando buscar ajuda e não julgar. Pode ser difícil equilibrar a preocupação e o controle, mas não se deve deixar levar pelas possíveis desculpas ou armadilhas para se desvencilhar. 

Em caso de tratamentos, os Centros de Atenção Psicossocial são unidades de saúde feitas para atender gratuitamente quem precisa de ajuda.  O acompanhamento é realizado através de médicos, psicólogos e terapeutas. Algumas unidades são especializadas em problemas com álcool e drogas. 

Os grupos de ajuda conhecidos como Alcoólicos Anônimos são referência no apoio ao alcoólatra que quer parar de beber. Os encontros são gratuitos e o sigilo é essencial para a recuperação dos presentes. Eles estão presentes no Brasil há 80 anos e possuem reuniões em quase todas as cidades do Brasil.

De fato, lutar contra os perigos do álcool pode parecer uma tarefa difícil. Porém, é uma batalha a ser vencida por quem vive com a doença e por todos que desejam a sua melhora. 

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