O que são cuidados paliativos? Entenda a importância

Receber a notícia de uma doença terminal gera bastante mal-estar para pacientes e familiares. Lidar com essa informação não é fácil, afinal, vivemos em uma cultura em que falar de morte é um tema delicado, e pensar em formas de aproveitar bem a vida até a chegada dela é um grande tabu. 

Se você já ouviu falar sobre o que são cuidados paliativos, sabe que essa é uma forma de suporte para pessoas que estão na situação descrita acima. É com o auxílio dessas práticas que um paciente, com uma doença incurável e terminal, pode despedir-se do mundo com mais conforto e qualidade. 

No post de hoje, vamos entender mais como funcionam os cuidados paliativos, qual a importância deles e quais os benefícios. Boa leitura!

Cuidados paliativos: o que é?

Quando ouvimos a expressão cuidados paliativos, automaticamente assimilamos a algo oferecido para pacientes com câncer, mas não é bem assim! Esse conjunto de ações é definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como “assistência promovida por uma equipe multidisciplinar, que objetiva a melhoria da qualidade de vida do paciente e seus familiares, diante de uma doença que ameace a vida, por meio da prevenção e alívio do sofrimento, por meio de identificação precoce, avaliação impecável e tratamento de dor e demais sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais”.

Ou seja, não é algo apenas para pacientes oncológicos, mas para qualquer pessoa que enfrenta doenças como:

• Doenças genéticas raras.
• Doenças degenerativas neurológicas (Alzheimer, esclerose múltipla, Parkinson, esclerose lateral amiotrófica etc.).
• Idosos fragilizados ou com insuficiência cardíaca, doença renal crônica, doença pulmonar obstrutiva crônica, entre outras.
• Pacientes oncológicos em estágio avançado.
• Aids em estágio avançado.

Como podemos ver, existe um número considerável de patologias que necessitam dos cuidados paliativos para pacientes e familiares, que precisam de ajuda física e psicológica. 

Quais são os cuidados paliativos?

Como podemos observar na definição da OMS, existem várias ações que podem ser feitas para deixar os últimos momentos de vida de alguém mais confortáveis. Além disso, eles são feitos por uma equipe multidisciplinar, justamente para cuidar de todos os aspectos relacionados à doença. Confira, agora, o que esperar desses cuidados!

Alívio de sintomas

Não há dúvidas de que doenças em estágio avançado geram diversos sintomas para o paciente. As sensações de cansaço, fadiga, vômito, fraqueza, dor, falta de ar, entre tantas outras que prejudicam o dia a dia da pessoa podem ser aliviadas com ajuda da equipe paliativista.

Paralelo ao cuidado paliativo, vão estar os curativos, ou seja, aqueles que dizem respeito ao tratamento da doença. A ideia é que ambos aconteçam mutuamente, para que o paciente possa ser atendido por completo, mas ainda assim se sentir disposto para aproveitar o dia a dia. 

Valorização da vida e preparo para o luto

Mesmo a morte sendo um processo natural do nosso ciclo de vida, pensar nela é algo que causa muita dor. Pacientes e familiares que vivenciam uma doença terminal sofrem com a ideia da despedida e, portanto, é essencial contar com o cuidado paliativo para intervir no âmbito psicológico e emocional. 

A equipe ajudará as pessoas a valorizarem a vida restante, honrando-a, aproveitando-a e ressignificando o término desse ciclo. Ao mesmo tempo, nesse ato de dar valor, também acontece o preparo para o luto, que é inevitável, mas pode ganhar novas perspectivas. 

Após a morte, a família pode ser assistida por um período de um ano, com a ajuda de alguém que vai visitar, conversar e, até mesmo, dar indicações de profissionais que possam cuidar do sofrimento dos entes nesse momento. 

Espiritual

Para pacientes e famílias religiosas, a vida espiritual é muito importante e, muitas vezes, é fonte de força e conforto. Por isso, a equipe paliativista considera esse pilar e inclui nos cuidados. 

Nesse caso, é respeitada a religião da pessoa e, dessa forma, inserido no time multidisciplinar o líder religioso, ou seja, um padre, um pastor, um rabino etc.

Reuniões de equipe e família

As reuniões são momentos muito importantes para que toda a família possa ter contato com os profissionais envolvidos e atualizar-se da situação. É nesse momento que as dúvidas podem ser esclarecidas, assim como diálogos sinceros serem estabelecidos. 

Nesses momentos, os familiares podem ter acesso a informações preciosas sobre o tratamento e, com isso, conseguir tomar decisões mais certeiras. Para os profissionais, esses encontros também auxiliam para mapear como os entes estão lidando e o que mais pode ser feito. 

Substituição do cuidador

Ser o cuidador não é uma tarefa simples. A verdade é que estar nessa posição requer muito da pessoa, tanto emocionalmente quanto fisicamente. É normal sentir-se cansado, triste, ansioso, com dores no corpo pelo esforço, entre outros, porque o ato de se responsabilizar por alguém, sobretudo por pacientes acamados, é bastante complexo. 

Saber dar uma pausa, tirar um tempo para descansar, fazer coisas divertidas, estar com os amigos são ações importantes para cuidar da saúde mental e física do cuidador. Ninguém é capaz de olhar por alguém 24 horas por dia durante toda a semana. 

Para os momentos em que o cuidador precisa tirar uns dias, é possível solicitar à equipe paliativista para substituir por esse período. 

Importância dos cuidados paliativos

É muito provável que você já tenha percebido a importância desses cuidados. Um dos grandes princípios deles é oferecer ao paciente que aproveite os últimos momentos da vida com dignidade e autonomia. 

Proporcionar isso permite que a pessoa possa tomar decisões importantes na vida, como ter uma conversa profunda com alguém, realizar algum sonho ou, simplesmente, planejar tudo o que tem vontade de fazer. 

Para a família, viver esse momento com intensidade e bem-estar também faz a diferença e proporciona conforto, além de, aos poucos, preparar a todos para o luto. Ver quem a gente ama se despedindo com alergia e bem-estar é muito mais leve do que acompanhar alguém internado, com dor e que não vê mais sentido em estar vivo. 

Em resumo, os cuidados paliativos importam porque nos permitem olhar com mais delicadeza a finitude da vida e, também, aceitá-la com menos ódio, remorso, culpa e tristeza.

Tabus sobre o que são cuidados paliativos

A morte é um tema polêmico, mesmo sendo obrigatória na nossa vida. Entretanto, seja por valores religiosos, culturais ou morais, muitas pessoas olham de forma preconceituosa para os cuidados paliativos. 

Por isso, trouxemos uma lista de mitos sobre o assunto, para quebrar com o tabu e permitir que a informação vença.

Cuidados paliativos antecipam a morte

É comum acreditar que cuidados paliativos significam pôr de lado qualquer tipo de tratamento, o que não é verdade. Pode ocorrer? Sim. Mas isso não é uma regra, depende de diversos fatores. E diante desse pensamento há quem entenda que esse atendimento ao paciente significa antecipar a morte. 

Obviamente, isso não é verdade. O objetivo do atendimento paliativo é apenas proporcionar conforto, autonomia e dignidade, e não reduzir dias de vida. O nome dado ao adiantamento da morte é a eutanásia, que acontece quando o paciente deseja morrer enquanto enfrenta uma doença terminal. 

No Brasil, a eutanásia não é prevista por lei e, na verdade, ela consta como crime por assassinato. Logo, uma equipe paliativista não faz esse tipo de procedimento.

Existem apenas cuidados paliativos oncológicos

Como já comentamos neste conteúdo, é bastante usual que pessoas façam essa associação. Provavelmente, isso acontece porque é muito comentado sobre o paliativismo em doenças oncológicas.

Entretanto, como explicamos anteriormente, muitos outros pacientes podem se beneficiar dessa prática. 

Cuidados paliativos significa desistir

Este é mais um dos pensamentos provenientes do tabu e do preconceito com essa área da medicina. Optar por receber cuidados paliativos, de forma alguma, é sinônimo de desistir. Afinal, há quem continue o tratamento, mas deseja esse atendimento para passar por esse momento com mais tranquilidade e conforto. 

Optar por deixar de lado os tratamentos invasivos e preferir receber assistência para passar bem nos últimos momentos de vida não é um sinal de fraqueza. E sim, é necessário ter muita coragem e maturidade para aceitar a finitude e escolher ressignificar isso. 

Portanto, o paliativismo não é sinônimo de incompetência da equipe médica e nem de fraqueza da família.

Entender muito bem o que são cuidados paliativos é uma forma de deixar de lado os preconceitos e permitir ser cuidado da melhor forma possível. As famílias que estão diante dessa situação devem buscar o máximo de informação e, claro, atualizar-se com o médico responsável. 

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