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Luto infantil: como acolher os pequenos nesse momento?

Lidar com o luto infantil é uma tarefa difícil e que requer preparo dos adultos. Neste post, descubra como ajudar os pequenos.


Atualizado em:

Tempo estimado: 7 min

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Luto infantil: como acolher os pequenos nesse momento?

O luto infantil ainda é um assunto delicado para muitos adultos e, portanto, gera uma série de dúvidas. Como conversar sobre morte com crianças? Os pequenos devem ir a velórios e enterros? Como contar que alguém morreu? Sem dúvidas, essas são algumas das questões de maior complexidade em relação ao tema. 

A verdade é que, assim como para os adultos, o luto é importante e também deve ser vivenciado pelas crianças, inclusive, sem que seja necessário fantasiar a ocasião. Para ajudá-lo nesse momento, trouxemos algumas dicas e pontos que vale a pena serem compreendidos. Boa leitura!

O que é o luto?

Parece algo muito básico falar sobre o que é o luto, não é mesmo? Afinal, é de consenso geral que esse é um sentimento relacionado à morte de um ente querido. Entretanto, ele é muito particular, por isso, cada pessoa pode vivenciá-lo de forma diferente, incluindo as crianças. 

As sensações mais comuns são tristeza profunda, solidão, confusão e uma grande vontade de poder estar ao lado da pessoa com ela em vida — mas isso não significa, necessariamente, que todo indivíduo chora ou vai ter o mesmo comportamento perante a ocasião. 

O luto também pode desencadear quadros mais severos para a saúde psicológica, como depressão e ansiedade

Mas além da morte, o luto é um sentimento que está relacionado a outras perdas extremamente dolorosas, como despedidas ou rompimentos de relacionamentos. 

Seja qual for a ocasião, é sempre importante reconhecer que o luto faz parte do ciclo da vida e é totalmente natural, seja para adultos ou para crianças. Não há dúvidas de que a ausência de alguém que fez parte da nossa história de um jeito bonito e amoroso gera a sensação de vazio e saudades, mas que, com o tempo, esse sentimento se ressignifica. 

Crianças são capazes de compreender a morte?

Está aí uma dúvida que invade qualquer adulto próximo a uma criança que perdeu alguém. A verdade é que a percepção de morte dos pequenos é diferente da nossa e muda de acordo com a idade.

luto infantil
Luto infantil: como lidar com a percepção de morta das crianças? Confira abaixo. 
  • Antes dos 3 anos: os pequenos entendem a morte como ausência da pessoa;
  • Entre 3 e 5 anos: associam a morte a um estado de sono, além de terem uma visão mais fantasiosa sobre o assunto;
  • Entre 5 e 7 anos: aqui, a criança já compreende que a morte é algo inalterável e que todas as pessoas vão morrer;
  • Entre 7 e 10 anos: a compreensão já é mais clara, embora os pequenos possam encontrar dificuldades em expressar o que sentem;
  • A partir dos 11: a ideia de morte já está mais estabelecida e conseguem dialogar sobre o tema. 

Como lidar com o luto infantil?

Como vimos até agora, as crianças, em diferentes estágios da vida, lidam com o luto e a ideia da morte de forma única, de acordo com a idade. Mas isso não significa que os adultos devam fantasiar e tentar esconder o fato: é preciso que isso seja inserido dentro do contexto dos pequenos, sempre com delicadeza. Confira dicas.

Não fantasie a situação

Contar sobre a morte de um ente querido ou do bichinho para as crianças pode gerar uma certa ansiedade no adulto, justamente pelo sentimento de querer protegê-las ou de ter medo do impacto que a notícia pode gerar para elas. 

É importante ser claro e não criar fantasias. Isso porque elas podem gerar mais angústia do que, de fato, ajudar. Por exemplo, quando é dito a uma criança que alguém foi viajar para longe, pode ser que ela espere o retorno, e como isso não vai acontecer, ela pode se sentir magoada ou frustrada. 

As metáforas, em determinadas idades, podem não ser compreendidas, e sim serem encaradas como algo literal, gerando confusão para a criança. 

É claro que para bebês ou maiores de três anos pode ser desafiador fazer o pequeno entender o que aconteceu, mas, com uma linguagem lúdica, é possível. 

Não afaste a criança do momento

Velório e enterro são dois momentos que geram muita ansiedade para os adultos em relação às crianças. Afinal, elas devem ou não comparecer? Depende. Pode ser que para os pais ou responsáveis, a presença do pequeno gere mais sofrimento — por exemplo, para uma mãe que perdeu o marido, ver o filho em sofrimento pode deixá-la ainda pior.

Por outro lado, o velório e o enterro são ocasiões que podem ajudar a criança a entender o que é a morte e a tornar o processo mais concreto. Inclusive, alguns pequenos querem realmente participar, mesmo sem saber o que é.

Luto infantil
Não afaste os pequenos dos momentos. O luto em família é importante para dar apoio e trazer a criança para a realidade.

Alguns adultos preocupam-se se a visão de uma pessoa morta vai gerar medo ou mais dor às crianças, entretanto, voltamos a lembrar que cada idade tem uma percepção diferente do momento e, portanto, pode ser que ela não compreenda direito o que está acontecendo, ou sinta-se curiosa para entender o que é um caixão e o porquê de ter alguém deitado nele. 

Celebrações fúnebres fazem parte da vida. Tentar fantasiar o mundo como um lugar onde só coisas boas acontecem não é algo que contribui para o desenvolvimento das crianças, pelo contrário, impedirá que ela entenda a realidade. 

Conte com a ajuda de um psicólogo

O luto infantil pode se tornar muito mais complexo, a depender do grau de parentesco com o falecido. Dessa forma, ajudar a criança a passar por essa fase pode ser bastante difícil e fugir do que está ao seu alcance. 

Contar com um psicólogo para te orientar e auxiliar o pequeno é sempre bem-vindo, pois será esse profissional que vai ajudar por meio de abordagens e técnicas eficazes para lidar com a dor e conduzir a criança para o bem-estar emocional. 

Livros para lidar com o luto infantil

Por último, não poderíamos deixar de lado uma ferramenta muito didática, lúdica e que ajuda pessoas de todas as idades em todos os lugares do mundo: os livros. Confira, agora, dicas para ter em mãos e ler junto com os pequenos. 

O pato, a morte e a tulipa (Wolf Erlbruch)

A morte, apesar de ser um processo natural da vida — e todos sabemos isso — é algo que gera muitas dúvidas, reflexões e, claro, dor. Mas e se pudermos encará-la de uma forma diferente e, até mesmo, com certa beleza?

Em O pato, a morte e a tulipa, acompanhamos a narrativa de um patinho que, um dia, percebe a companhia da Morte. Logo, ele enche-se de questões sobre o assunto e, quem diria, tornam-se amigos. 

A história é bastante delicada e nos faz ver como o processo é natural e que, desde o dia que nascemos, ele faz parte da vida. 

O vazio é um dos sentimentos que faz parte do luto e, também, torna-se o elemento central dessa narrativa homônima. A autora espanhola Anna Llenas conta a história de uma menina feliz mas que, um dia, foi invadida por um sentimento enorme de tristeza. 

Uma tristeza que não importava o que fizesse, ela sempre se sentia vazia. Até que um dia a personagem começa a ressignificar esses sentimentos e, dessa forma, a lidar melhor com essa sensação, embora ele nunca tenha, de fato, desaparecido. 

Essa é uma boa obra para ajudar os pequenos a terem forças para superarem as dores e o vazio da presença de alguém, ressignificando isso com memórias boas dos momentos vividos ao lado do ente perdido. 

Menina Nina, Duas razões para não chorar (Ziraldo Alves Pinto)

Aos olhos de um netinho, os seus avós sempre são os mais incríveis de todos. E na história Menina Nina, Duas razões para não chorar não é diferente.

Nina é uma menina cheia de admiração pela vovó Vivi mas, um dia, acorda, vai tomar café da manhã mas a avó não está na mesa. Ela faleceu. 

A menina entra em diversos questionamentos e tristeza, mas o livro, com muita beleza, relembra dois motivos para não chorar e ressignificar a perda da vovó Vivi. 

Do mesmo autor de Menino Maluquinho, essa é uma obra que pode fazer muito sentido para crianças mais velhas. 

O luto infantil é bastante complexo, uma fase de muitas dúvidas e que é percebida de diferentes formas conforme a idade. Os adultos devem estar preparados para acolher a dor dos pequenos mas, caso isso seja demais, sempre vale contar com um psicólogo, além de utilizar livros e outras ferramentas que possam auxiliar nessa etapa. 

Se você gostou deste conteúdo, continue acompanhando o portal Sempre Bem, para conferir dicas sobre diversas temáticas que fazem parte do dia a dia.