Radioterapia e quimioterapia: tire as suas dúvidas sobre o tema

Receber um diagnóstico de câncer é algo que faz qualquer pessoa perder o chão: o medo, a incerteza sobre o futuro, pensamentos negativos e ansiedade são alguns dos sentimentos que costumam acompanhar esse momento. Além disso, vem o receio da radioterapia e quimioterapia, afinal, é muito disseminada a ideia de que esses tratamentos têm efeitos colaterais terríveis. Mas será que é sempre assim?

A verdade é que existem muitos mitos ao redor desse assunto e que as coisas são diferentes de paciente para paciente — cada diagnóstico é único e depende de uma série de fatores, assim como cada organismo reage de uma forma própria aos tratamentos. 

Se você já sabe que a radioterapia e/ou a quimioterapia vão fazer parte do seu dia a dia, continue a leitura e esclareça todas as suas dúvidas sobre o assunto!

Quais as diferenças entre quimioterapia e radioterapia?

Ao longo deste texto, vamos nos aprofundar em cada uma dessas terapias. Mas, antes, é importante esclarecermos qual a diferença entre elas, já que essa é uma dúvida bastante comum. 

A quimioterapia (QT) é um tratamento que utiliza medicamentos para combater o câncer. O objetivo é que o fármaco misture-se com o sangue e seja levado por todas as partes do corpo, para destruir as células cancerígenas. 

Já a radioterapia faz uso de radiações ionizantes, como o raio-x. Um grande aparelho produz a radiação e incide-a exatamente no lugar onde fica o tumor, destruindo as células. 

A depender do seu diagnóstico, é possível que o médico indique o uso das duas terapias em conjunto. Mas isso também muda de caso para caso, então o ideal é tirar as dúvidas com o paciente que o acompanha. 

Para que serve a radioterapia e a quimioterapia?

Tanto a radioterapia quanto a quimioterapia têm o objetivo de destruir as células doentes para que possa ser feito o controle do câncer, reduzir o tamanho do tumor, evitar a progressão e, até mesmo, curar o paciente, eliminando totalmente a massa. 

A quimioterapia pode ter os seguintes objetivos:

• Curativa: quando a proposta é curar o paciente com ela.
• Adjuvante: é aplicada após o tratamento definitivo e é usada para erradicar focos microscópicos.
• Neoadjuvante: auxilia a reduzir o tumor antes de ser feita a cirurgia. Assim, o procedimento é menos invasivo.
• Paliativa: a ideia é proporcionar ao paciente mais tempo de vida e com qualidade. 

A radioterapia também pode cumprir esses mesmos papéis que a quimioterapia. Muitas vezes, a técnica entra antes da cirurgia, para que o procedimento seja mais simples e não tão extenso. 

Quando a técnica é utilizada como cuidado paliativo, a ideia é fazer com que o paciente sinta menos dor, descompressão e contenção de sangramentos. 

Agora que você já sabe o que é quimioterapia e radioterapia e qual o objetivo do uso delas, vamos entender mais a fundo cada uma delas. 

Quimioterapia: o que esperar?

Se o seu médico já estipulou que a quimioterapia faz parte do seu tratamento, o próximo passo são os exames laboratoriais, que vão permitir ao profissional entender as suas condições de saúde e estabelecer qual a dose certa do fármaco para o seu caso. 

Como é feita a quimioterapia?

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), a quimioterapia pode ser administrada de diversas formas, como via oral por meio de comprimidos, intravenosa (pela veia), injeções diretamente no músculo, injeção no tecido gorduroso (abaixo da pele), pela espinha dorsal e sobre a pele. 

Há situações em que o paciente vai até o hospital ou clínica onde é atendido para receber a quimioterapia. Enquanto outros, precisam ficar internados para o tratamento. 

Como são os efeitos da quimioterapia?

Outra informação importante é que os efeitos vão depender de uma série de fatores, como o tipo da quimioterapia, da dose, do tempo de tratamento e das condições do paciente. 

Segundo o Instituto Oncoguia, os efeitos mais comuns causados pela QT são:

• Náuseas e vômitos
• Diarreia ou constipação
• Infertilidade
• Fadiga
• Perda de cabelos
• Alterações no humor
• Mudanças na libido
• Perda de peso
• Inflamações na boca
• Alterações na pele e unhas
• Dificuldades em deglutir
• Dormência e formigamento 
• Dificuldades em manter-se concentrado
• Perda de apetite
• Anemia
• Infecções
• Hemorragias
• Hematomas

Apesar da lista ser um pouco grande, mantenha a calma! Primeiro, não necessariamente um paciente sente os efeitos colaterais. Em segundo, raramente um paciente vai ter todos os da lista. Por último, há soluções para lidar melhor com esses sintomas, e o seu médico pode encontrar as melhores opções para que você passe bem por esse momento. 

É importante lembrar que está tudo bem sentir medo da QT, isso é normal, sobretudo nas primeiras sessões. Mas não se esqueça que tudo isso tem um propósito maior, que é o seu bem-estar. 

O que acontece depois da quimioterapia?

Apesar da etapa de tratamentos com a quimio não ser 100% agradável, após finalizá-la, aos poucos, o seu corpo retorna para o que ele era. Alguns efeitos desaparecem dias depois, outros podem demorar meses e, até mesmo, anos.  Em geral, os de longo prazo são relacionados aos impactos da QT causados em órgãos. 

Em relação a novas terapias e próximos passos após o fim da quimio, quem vai te orientar é o seu médico. Portanto, sempre tire as suas dúvidas com ele! Uma boa dica é ter um caderninho para usar como diário de tratamento e, nele, escrever todas as perguntas que vão surgindo. 

Quem faz quimioterapia pode levar uma vida normal?

Aqui está uma das questões que mais assombram os pacientes. Como já comentamos, existem muitos tabus e mitos ao redor do câncer, e a ideia de que a pessoa não pode mais viver normalmente é uma delas. Não é por que alguém recebe quimioterapia que a rotina dela será deitada em uma cama, se sentindo mal. 

A medicina evolui constantemente e, atualmente, também se preocupa em oferecer boas condições de vida para o paciente. Por isso, muitas pessoas que vivem com a doença continuam a levar uma vida normal: vão trabalhar, cuidam de casa e dos filhos, fazem passeios, saem etc. 

Você pode, portanto, fazer quimioterapia e continuar a viver bem. Conte com o seu médico para resolver problemas de efeitos colaterais, tirar dúvidas e encontrar soluções. Lembre-se de cuidar bem da sua alimentação, da saúde em geral e manter-se sempre informado a respeito. 

Lembre-se que qualidade de vida não é apenas o tratamento, mas manter o equilíbrio na esfera social, psicológica, espiritual, familiar etc. Aproveitar cada dia é importante e faz com que esse momento seja ressignificado!

Como se preparar para a quimioterapia?

O nervosismo nas primeiras sessões é completamente normal, mas, para tentar lidar com isso e tornar este momento o mais confortável possível, você pode preparar-se.

No dia, vista roupas confortáveis, isso porque pode demorar horas e o melhor é ter peças macias e soltinhas para não sentir incômodos enquanto recebe a sua medicação. Você pode, também, levar uma manta ou um casaquinho, já que as salas de QT costumam ser bastante geladas. 

Leve com você uma garrafinha de água, para manter-se sempre hidratado. Justamente por algumas quimioterapias serem mais longas, convém ter por perto o seu próprio recipiente. O ideal é consumir de 2L a 3L do líquido por dia!

Outra dica é preparar um lanchinho, especialmente se a sua quimio durar horas. Nesse caso, é importante que seja algo leve e saudável. Frutas bem higienizadas é uma ótima opção.

Não se esqueça de incluir algum tipo de lazer para esse momento: livro, celular com jogos ou séries, fones de ouvido, enfim, atividades são bem-vindas. 

Se o seu hospital permitir e você tiver alguém, chame um acompanhante! O apoio psicológico e emocional não tem preço e pode te ajudar a se acalmar e se sentir mais confiante. 

Prepare-se para a radioterapia!

A radioterapia costuma ser muito tranquila! Se o seu médico inclui essa técnica no seu tratamento e você está um pouco nervoso, vale perguntar para outras pessoas que já passaram por isso como foi a experiência delas. Na maioria dos casos, é positiva.

Como é feita a radioterapia?

O primeiro passo para a radioterapia é a consulta com o radio-oncologista. Ele vai fazer algumas perguntas, solicitar exames se for necessário e, em seguida, estudar os detalhes do seu tratamento. 

Depois, é feito o planejamento para delimitar a área que vai receber a radiação. Nessa região, o médico faz uma marcação que deve permanecer na sua pele até o fim do tratamento — a equipe vai dar orientações de como tomar banho para ela não ser removida. 

Alguns cânceres, como o tumor no cérebro, não é feito a marcação na pele, e sim em uma máscara que, além de delimitar as regiões da radiação, também auxilia a deixar a cabeça fixa para receber o raio-x corretamente. 

A equipe de física médica são os responsáveis pelos cálculos, para garantir que você vai receber a quantidade de radiação prescrita. 

Por último, você receberá o seu cartão de consultas, onde a equipe do hospital marca todos os dias e horários do seu tratamento. No dia da radioterapia, tudo será muito rápido: você chega ao local e o técnico vai te chamar para começar a aplicação. Dura apenas alguns minutos e rapidamente estará liberado. 

Radioterapia: efeitos colaterais

Os efeitos colaterais da radioterapia são menos comuns, portanto, muitos pacientes não os têm. Quando ocorrem, eles demoram algum tempo após o início do tratamento para surgirem e, geralmente, acontecem na área irradiada. 

É importante ressaltar que os efeitos são diferentes a depender da região do câncer. Os mais comuns são a fadiga, perda de cabelo na área, reações cutâneas, náuseas e vômitos, perda de apetite e alterações nas taxas sanguíneas. 

Efeitos colaterais específicos

Já os específicos, estão relacionados à área irradiada. Confira:

• Tumor cerebral: perda de cabelo, convulsões, náuseas e vômitos, dor de ouvido, inchaço no cérebro, perda de apetite, alterações na pele e couro cabeludo, problemas na fala e memória etc. 
• Pescoço e cabeça: irritação das mucosas da boca, garganta e esôfago; alterações na pele, perda de cabelo, boca seca, alterações no paladar, náuseas e vômitos, alteração na voz, perda de apetite etc. 
• Câncer de mama, esôfago, pulmão e medula óssea (região do tórax): dor de garganta, azia, náuseas e vômitos, inchaço na mama, perda de apetite e paladar, tosse, perda de pelos, dificuldade em deglutir etc. 
• Câncer de esôfago e estômago (região abdominal): irritação dos intestinos, perda de pelos, gases, indigestão, úlceras estomacais, problemas renais etc.
• Região pélvica: hemorragia retal, inflamação do reto e ânus, sangue na urina, cistite, necessidade de urinar com frequência, problemas sexuais, dor ao evacuar etc. 

Mais uma vez, lembramos que esta lista é de POSSÍVEIS EFEITOS, e não, necessariamente, vai acontecer durante o seu tratamento. Atualmente, a radioterapia é bastante avançada, e o paciente sente menos impactos. 

Quanto tempo a radioterapia age no organismo?

Os efeitos colaterais da radioterapia costumam desaparecer em alguns dias após o término das sessões. Outros, podem demorar alguns meses, como a perda de cabelo. 

Como se preparar para a radioterapia

No dia da aplicação, use roupas mais largas para facilitar a remoção, caso necessário, mas também pelo conforto. De preferência, deixe brincos, colares e outros acessórios em metais em casa, ou então, retire-os antes, já que eles não podem ficar em você durante a radioterapia. 

A pele da região a ser irradiada sempre deve estar limpa apenas com água e sabão neutro. Portanto, nada de usar cremes, maquiagem etc. 

Manter-se informado é a melhor forma de se preparar para a radioterapia e quimioterapia, assim como para desfazer tabus sobre os tratamentos. Tire todas as dúvidas com o seu médico, sem medo ou vergonha. 

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