Entenda o transtorno opositor desafiador e como tratar
O transtorno opositor desafiador pode trazer inúmeras consequências negativas para a criança. Entenda melhor essa situação!
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Você já ouviu falar em transtorno opositor desafiador (TOD)? Essa é uma condição em que crianças não respeitam regras e, constantemente, desafiam os adultos — que podem ser os pais, os professores ou familiares. Apesar de não ter cura, é possível que os pequenos recebam tratamento e tenham uma qualidade de vida melhor.
Neste conteúdo, você vai entender melhor o que é transtorno opositor desafiador, quais os sinais, como lidar com a criança e os tratamentos disponíveis. Boa leitura!
O que é TOD?
O transtorno opositor desafiador faz parte do grupo de transtornos de comportamento disruptivos, que são alterações comportamentais mais comuns em crianças e de difícil diagnóstico.
O TOD é caracterizado pelo comportamento desafiador, agressivo e desobediente, ou seja, a criança tem a necessidade de testar a figura de autoridade (pais, cuidadores, professores etc.) constantemente, para ver qual a reação dela diante das situações.
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É muito importante considerar que o transtorno opositivo desafiador não é o mesmo que birra. A criança com esse diagnóstico tem a vida social bastante prejudicada, justamente pelas atitudes difíceis de lidar, o que acaba gerando conflitos na escola, amizades, familiares, entre outros.
Por vezes, o TOD é confundido com o transtorno de conduta, que é quando o pequeno tem uma série de comportamentos que causam desconforto em outras pessoas do convívio, é egoísta e violento. Porém, os diagnósticos são diferentes: a criança opositora sente remorso, raiva, emoções, enquanto a outra não sente qualquer empatia.
Vale também ressaltar que o transtorno opositivo desafiador pode ser dividido em três grupos:
- Suave: os comportamentos costumam acontecer apenas em ambientes específicos.
- Moderado: tem apenas algumas características
- Forte: muitas características do transtorno estão presentes
Transtorno opositor desafiador: sintomas
E quais são os sinais de que o pequeno possa ter TOD? Pais, professores e responsáveis devem ficar atentos aos seguintes comportamentos:
- A criança fica ressentida facilmente
- Discute frequentemente com adultos que representam autoridade
- Não se responsabiliza pelos atos e joga a culpa em outras pessoas
- Briga com colegas da escola
- Provoca e testa os limites de adultos e crianças
- É desobediente
- Apresenta sentimento constante de raiva
- É agressiva
- Tem atitudes vingativas
- Expressa emoções aos gritos
- Desafia regras
- Mostra-se agitada
- Não aceita ordens ou instruções
- Diz “não” com frequência para o que é proposto
- Perde a paciência facilmente e se comporta exageradamente
Como comentamos, é muito fácil que os sintomas de TOD sejam confundidos com mau comportamento ou birra. Afinal, crianças podem apresentar uma dessas características em algum momento da vida.
O pequeno com TOD tem atitudes opositoras constantemente, diferentemente de quem não tem esse diagnóstico. Outro ponto importante a se considerar são problemas comportamentais frequentes no período de seis meses, dificuldades na escola e isolamento de amizades e vida social.
Quais diferenças entre TOD e birras típicas?
As birras típicas de crianças, em geral, acontecem dos 8 meses aos 4 anos, enquanto os pequenos com transtorno opositor seguem com elas além desse período.
Em relação à persistência, as crianças sem diagnóstico mudam o comportamento com o tempo, com a intervenção dos pais; com TOD, isso persiste ao longo dos anos.
O pequeno sem comportamento opositor tem o desenvolvimento e a socialização normais, e não apresenta nenhum tipo de problema no sono.
Aqueles que têm o transtorno podem ter problemas de socialização, desenvolvimento, dificuldades de comunicação, são agressivos com outras crianças, costumam ter sono conturbado e, também, têm histórico familiar.
Causas
Dizer que o TOD é uma questão de má educação não é correto. Por trás do diagnóstico existe uma série de fatores complexos e relacionados ao ambiente em que a criança se desenvolve.
As causas do transtorno ainda não são plenamente conhecidas, mas pesquisadores da área já percebem a relação entre a família e o TOD. Em lares hostis onde os responsáveis não dão atenção, amor, carinho e são impacientes para lidar com a criança, há mais chances de desenvolver-se o diagnóstico.
Também é comum associar a violência, o abuso sexual e a negligência ao transtorno. Dessa forma, quanto mais conturbado for o núcleo familiar, maiores são os prejuízos para o pequeno.
É fundamental que responsáveis ou pais se conscientizem sobre a importância da comunicação não-violenta, do amor, do carinho e da criação com respeito e apoio.
Tratamento
A intervenção é essencial para a qualidade de vida e, quanto mais cedo, melhores são os resultados. O primeiro passo é a terapia cognitivo comportamental, que foca na mudança de comportamentos da criança e ajuda na expressão de ideias e emoções, assim como lidar com elas.
A mudança no ambiente familiar também é crucial, afinal, não basta a criança se transformar se, dentro de casa, os comportamentos hostis continuam os mesmos. Os responsáveis e pais também devem consultar o psicólogo.
A escola também tem papel importante, uma vez que o pequeno ficará prejudicado no aprendizado e no convívio social. Dessa forma, é necessário que a equipe auxilie o estudante a se reinserir.
Por último, pode ser necessário o uso de medicamentos. Quem vai considerar essa hipótese será o psicólogo junto ao psiquiatra. Em hipótese alguma faça a automedicação.
Transtorno opositor desafiador: como lidar com a criança?
Conviver com esse diagnóstico é bastante desafiador, seja para os amiguinhos, professores, pais ou responsáveis. Entretanto, há algumas formas de tentar socializar-se de forma mais tranquila.
Não brigue em frente da criança
Como comentamos, as mudanças dentro do lar são muito importantes para que o pequeno possa se sentir melhor. Dessa forma, pais e responsáveis devem se policiar constantemente em relação às atitudes.
Brigas, xingamentos, comunicação violenta e agressão criam impactos para a saúde mental da criança e, consequentemente, atrapalham o processo terapêutico.
Os adultos responsáveis pelo pequeno devem ser exemplares na forma como se tratam, já que isso é uma maneira de educar a criança e mostrar como ela deve se comportar com outras pessoas, inclusive em situações de desentendimento.
Vale também ressaltar que, além da comunicação não-violenta, é importante que a criança não seja exposta a programas e jogos violentos, pois eles podem contribuir na forma como ela vê o mundo.
Parabenize comportamentos positivos
Ser reconhecido é importante em qualquer idade, mas, para a criança com TOD, esse reforço é essencial para que ela se sinta acolhida, amada e especial. Além disso, é um incentivo para o pequeno compreender que aquela atitude deixou todos felizes.
Conversar sobre comportamentos é muito importante, sejam eles positivos ou negativos. Explicar com respeito o que foi feito, mostrar as melhores alternativas e orientar é algo essencial porque nem sempre a criança saberá o que fazer diante de alguns acontecimentos.
Dica: nunca tente conversar em momentos em que o pequeno estiver nervoso ou com birra. Sempre faça o diálogo quando ele estiver calmo e aberto para isso.
Incentive a criança a praticar atividade física
A prática de esportes oferece muitos benefícios, não há dúvidas. Mas as atividades que exigem disciplina podem ser extremamente positivas para o aprendizado da criança com TOD. Além de saudável, o pequeno tem a oportunidade de se reinserir socialmente e de entender a importância do respeito aos outros.
Mantenha a calma ao se dirigir à criança
Essa é uma dica difícil de se colocar em prática, mas necessária. O convívio com a criança com TOD é desafiador e, nisso, muitos pais e responsáveis acabam por gritar quando precisam chamar a atenção.
Novamente, o adulto deve ser o exemplo e, portanto, saber manter um diálogo com respeito, sem violência e em momentos em que a criança está calma. Se for necessário, interrompa a conversa para se recompor.
Pais devem estar de acordo com a educação
Muitos casais enfrentam o desafio de entrar em acordo em relação à educação da criança, o que não é positivo para nenhum pequeno, especialmente para aqueles com TOD.
Isso acontece porque a criança com comportamento opositor tem dificuldades de aceitar regras e instruções. Se a todo momento o proposto muda, se cada adulto discorda na educação, isso só vai piorar a situação.
A família deve agir em conjunto e, também, conversar com a escola para que todas as ações estejam coerentes.
Com a ajuda, o cuidado e a movimentação de todos os envolvidos na vida da criança, o TOD pode ser tratado e os resultados serem bastante positivos. Lembre-se que pais e responsáveis devem ser exemplares nessa missão.
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