Dossiê Da Menstruação

Existem alguns mitos que são construídos em relação à rotina durante o período menstrual. A ginecologista Lilian Serio tira várias dúvidas sobre a duração dos ciclos, os sintomas da TPM, aos fatores que podem interferir na menstruação, e ainda dá dicas sobre como lidar de forma mais confortável e saudável nesse período! Confira!

A menstruação é algo positivo e que deve ser encarada sem nenhum tipo de vergonha

Para muita gente, a menstruação ainda é cercada de tabus que, na vida adulta, trazem insegurança: não pode andar descalça, não pode lavar o cabelo... Segundo a ginecologista Lílian Serio, essas ainda são dúvidas muito comuns entre as mulheres. Por isso, tiramos as maiores dúvidas sobre o tema:

A menstruação dura, em média, quantos dias?

Dra. Lilian Serio: A menstruação varia de mulher para mulher. Mas, no mínimo, deve durar dois dias e no máximo pode durar até 10 dias.

Como saber que o fluxo pode ser excessivo?

Dra. Lilian Serio: É normal trocar de 3 a 5 absorventes por dia. Mas se a mulher precisa trocá-lo a cada duas horas, precisa usar um absorvente noturno, relata que usa até fralda geriátrica, isso não é normal.

TPM é uma desculpa usada pelas mulheres para justificar emoções à flor da pele?

De acordo com a psicóloga Maria Camila Moura, as mulheres podem sofrer com vários sintomas durante a TPM. "Às vezes, a TPM é mal interpretada e associada à disfunção hormonal. Precisamos entender que a TPM é normal, mas o sinal de alerta deve acender em casos de Transtorno Disfórico Pré-Menstrual (TDPM), onde há uma alteração fisiológica de sono, apetite e humor a ponto de impactar suas relações. Nesses casos, essa mulher precisa buscar ajuda."

Quais são as principais causas da menstruação atrasada?

Dra. Lilian Serio: As principais causas são:

• Gravidez

• Menopausa

• Ovário Micropolicístico

• Alteração no hormônio da tireoide

• Alteração no hormônio prolactina

• Transtornos alimentares

• Estresse

É possível engravidar caso haja uma relação sexual durante o período menstrual?

Dra. Lilian Serio: Durante a menstruação, estamos "descamando" ou jogando o endométrio fora e não tem como engravidar.

O anticoncepcional pode ser usado para atrasar ou adiantar a menstruação?

Dra. Lilian Serio: Sim. Quando a mulher não quiser menstruar, pode ficar juntando as cartelas de anticoncepcional. Se o objetivo for antecipar a menstruação, é só acabar a cartela um pouco antes do tempo. Cerca de 3 a 4 dias após parar, a menstruação vai descer.

É comum ter o fluxo irregular, mesmo na vida adulta?

Dra. Lilian Serio: O problema é que, às vezes, as mulheres acham que a menstruação é irregular e o ciclo da mulher, por exemplo, é de 35 dias, então acaba atrasando 5 dias todos os meses e parece estar errado. Na verdade, o ciclo menstrual da mulher é normal em torno de 25 a 35 dias.

A higiene deve ser redobrada durante o período menstrual?

Dra. Lilian Serio: Com certeza. Principalmente porque podem surgir algumas infecções se a mulher ficar muito tempo usando o mesmo absorvente.

O absorvente tradicional de algodão abafa menos a vagina e causa menos irritação e alergia.

Já quem tem tendência alérgica pode usar o absorvente interno, que, inclusive, moças virgens podem utilizá-lo, sempre reparando nos tamanhos de acordo com o seu fluxo.

O coletor menstrual é um copinho de silicone que vai se acomodar ao redor do colo do útero. Na hora de retirar, haverá uma certa pressão, que é normal.

Mas os absorventes não são os únicos itens necessários durante aqueles dias. A secretária Geórgia Karla Lima gosta de andar preparara para evitar imprevistos. "Não pode faltar sabonete íntimo, lenço umedecido para a região íntima, adesivo para aliviar as cólicas, bolsa térmica e absorventes. O meu necessaire já me salvou e ajudou muitas amigas também" diz ela, provando que uma mulher preparada vale por duas.

A menstruação pode ser, de fato, um termômetro da saúde da mulher?

Dra. Lilian Serio: Se a mulher está com a menstruação muito irregular ou fica muitos meses sem menstruar, provavelmente tem alguma alteração nos hormônios em que ela não consegue ovular, como ovário micropolicístico, doença na tireoide descontrolada ou doença da prolactina, que é um hormônio que bagunça muita menstruação. Se a mulher tem um fluxo muito intenso, ela pode ter mioma, pólipo, cisto nos ovários...

Muitas mulheres sofrem com a cólica excessiva, que incapacita e exige, muitas vezes, atendimento médico. É normal?

Dra. Lilian Serio: A cólica leve, que não atrapalha a vida da mulher e passa após tomar um anti-inflamatório é considerada normal. Porém, se a mulher precisa sair do trabalho, os comprimidos não funcionam e ela precisa tomar remédio na veia, essa cólica precisa ser investigada.

A cólica também é um dos sintomas da endometriose. Que doença é essa?

Dra. Lilian Serio: Ainda não se sabe a causa da endometriose. Diversos fatores podem levar à doença mas, basicamente, é quando o sangue de dentro do útero, durante a menstruação, se aloja fora do útero (trompa, ovário, bexiga, intestino) e causa uma inflamação na pelve responsável pela intensa cólica menstrual.

• Costuma acometer mulheres ente 20 e 35 anos

• Tem caráter genético

• 30% das mulheres com endometriose terão dificuldade para engravidar

A jornalista Carol Góes sentiu na pele os desconfortos dessa doença: "Eu descobri no exame de rotina e a médica decidiu acompanhar. Com o tempo, comecei a sentir os sintomas: cólica e fluxo menstrual severos, além de muita dor nas costas".

A ginecologista explica que a dor nas costas pode ser um sintoma de endometriose, principalmente na região lombar durante o período menstrual. "Mas a endometriose é capaz de dar dores no corpo durante o mês, mesmo sem a mulher estar menstruada. Durante o período menstrual, entretanto, a cólica chega a ser incapacitante; algumas mulheres queixam-se de dor durante a relação sexual, alterações de hábito intestinal e urinário."

Carol conta que passou a controlar o ciclo através de um aplicativo e redobrou os cuidados com a alimentação. Opções ricas em gordura, açúcar e carboidrato pioram o processo inflamatório da pelve e provocam mais dor. "Mulheres com endometriose se beneficiam de uma alimentação mais saudável e de atividade física, que também diminui o processo inflamatório e alivia as cólicas", pontua a médica.

"Comecei a fazer pilates que, através do relaxamento, melhora o sono, diminui o estresse e os sintomas da TPM. Assim, acabo tendo menos dores... Hoje, através do estilo de vida e com acompanhamento frequente, consigo controlar a endometriose", comemora Carol.