Problemas de visão infantil: quais são e como identificar?

O período de férias é considerado por muitos o momento ideal para relaxar, desacelerar um pouco, curtir a família, os amigos e viajar. Para as crianças, a palavra de ordem é “brincar”. Mas nem só de brincadeiras são feitas as férias. 

Os pais podem aproveitar a época para fazer exames médicos de rotina nos filhos, isso porque problemas de visão infantil podem afetar diretamente o rendimento escolar e o convívio social.

Quando o filho não vai bem na escola, os pais logo imaginam deficit de atenção e buscam acompanhamento psicológico ou pedagógico. O que muitos não sabem é que, segundo pesquisa feita pelo Ministério da Educação, 23% dos casos de notas baixas na escola são decorrentes de doenças oculares que, consequentemente, dificultam a aprendizagem.

Neste artigo, vamos te contar quais exames oftalmológicos devem ser feitos em crianças, quais os problemas de visão infantil mais comuns e como identificá-los no dia a dia. Confira!

Exames oftalmológicos: quais as crianças devem fazer?

As diretrizes da Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica recomendam avaliações desde as primeiras horas de vida. Essas inspeções são consideradas ferramentas importantes para evitar problemas visuais tratáveis na infância, que poderiam

comprometer o desenvolvimento social e escolar, além de causar perda permanente da visão.

Veja quais exames são indicados por faixa etária.

Recém-nascidos

O Teste do Reflexo Vermelho (TRV), ou teste do olhinho, deve ser realizado pelo pediatra nas primeiras 72 horas de vida ou antes da alta da maternidade. É recomendado repetir o TRV pelo menos três vezes ao ano nos primeiros três anos. Em caso de anormalidades no resultado, um oftalmologista deve ser consultado com urgência.

Até os 36 meses

Inspeção de olhos, pálpebras, córnea, conjuntiva, íris e pupila, avaliação da função visual apropriada para a idade, fixação ocular e alinhamento dos olhos. Esses exames devem ser realizados por um profissional de saúde primário, cuidador ou pediatra.

Entre 3 anos e 5 anos

O médico deve fazer um exame oftalmológico completo na criança, incluindo inspeção dos olhos e anexos, avaliação da acuidade visual, avaliação da motilidade ocular e alinhamento (testes de cobertura simples e alternativos), refração cicloplégica e avaliação de fundo de olho dilatado.

Entre 5 anos e 8 anos

As crianças devem passar por triagem anual da visão monocular. Quem estiver com acuidade visual inferior a 20/40 em pelo menos um olho deve ser submetido a um exame completo. 

Problemas de visão infantil

Estima-se que 23 milhões de crianças na América Latina tenham problemas de visão relacionados à refração não corrigida, que podem afetar tanto o desempenho escolar quanto o social. 

Entre os erros de refração mais comuns, podemos citar miopia, hipermetropia e astigmatismo.

Miopia em crianças 

Miopia é a dificuldade de enxergar objetos de longe causada por um erro refrativo da visão. Sinais muito comuns de quem é míope é apertar os olhos para tentar ver itens distantes ou se aproximar para observar melhor. 

Quem tem miopia possui o formato do globo ocular mais longo. Essa característica faz com que os raios de luz sejam focados e absorvidos antes de chegar na retina, gerando a dificuldade de enxergar objetos que estejam longe.

Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, se os pais são míopes, a criança tem 50% de chance de também ser. Especialistas acreditam que esse problema de visão seja um mix de hereditariedade e fatores ambientais. 

O estilo de vida pode acelerar o desenvolvimento de miopia em crianças, de acordo com os médicos. Passar muitas horas do dia lendo, assistindo televisão, estudando ou brincando em frente a computadores, tablets e celulares favorece o surgimento do problema. E quanto menor o tamanho da tela, pior para a visão.

Hipermetropia em crianças

Ao contrário da miopia, a hipermetropia é a dificuldade de enxergar de perto. A criança com o problema vê objetos próximos um pouco desfocados, mas tem a visão perfeita para o que está longe. 

Este erro refrativo é caracterizado pelo menor comprimento do globo ocular ou pela curvatura mais plana da córnea, fazendo com que os raios de luz formem a imagem atrás da retina. 

O “tratamento” consiste em usar óculos ou lentes de contato, ambos prescritos pelo oftalmologista. A cirurgia refrativa nem sempre será bem sucedida, já que a hipermetropia tem origem em uma condição anatômica. 

Astigmatismo em crianças

O astigmatismo é resultante da curvatura desigual na córnea e/ou no cristalino. Em pessoas com boa visão, a córnea tem formato de uma bola de vôlei (esférica), já quem tem esse erro refrativo, a aparência lembra a de uma bola de futebol americano. 

Por conta dessa deformidade, a visão de perto e de longe são afetadas, e as pessoas tendem a ver borrões ou objetos duplicados. 

As causas do astigmatismo ainda não foram totalmente decifradas, mas existe um componente genético. Portanto, se os pais têm o problema, as crianças têm mais chances de desenvolvê-lo. A detecção é feita pelo exame de refração, com dilatação das pupilas. Uso de óculos ou lentes e realização de cirurgia são os tratamentos disponíveis.

Sintomas de problemas de visão infantil

Crianças com problemas de visão dão sinais facilmente perceptíveis. “Pais e professores devem observar alguns indícios, como apontar para a palavra durante a leitura, necessidade de sentar um pouco mais próximo à lousa e dores de cabeça frequentes”, diz o oftalmologista Edmar Guedes. 

Piscar e esfregar os olhos excessivamente podem ser sinais de miopia. O recomendado por médicos é que os estudantes sigam a regra 20-20-20: fazer pausa de 20 segundos para olhar objetos a 20 pés (o equivalente a 6 metros) de distância, uma vez a cada 20 minutos. Essa norma vale para uso de telas, apostilas e cadernos. Ah, e é importante piscar várias vezes para evitar a secura dos olhos.

No caso da hipermetropia em crianças, as demonstrações mais comuns são: dor de cabeça, sensação de peso ou dor nos olhos, ardor nos olhos, vermelhidão e lacrimejamento ocular, náusea e dificuldade de enxergar objetos próximos. 

Para o astigmatismo, os sinais clássicos são esforço para focar objetos, dor de cabeça, piscar excessivamente e dificuldade de concentração.

“O mais importante é prevenir os problemas oculares comuns na infância”, recomenda o médico. “Muitas doenças oculares, se não observadas previamente, podem acarretar até cegueira”, alerta. O especialista ressalta ainda que é fundamental a manutenção de consultas periódicas a fim de garantir uma boa saúde ocular. 

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