Gravidez na adolescência: como pais podem ajudar os filhos?

A gravidez na adolescência pode ser um choque para qualquer família. Ao receber a notícia, muitos jovens ficam assustados e não sabem como revelar a informação aos pais, com medo de suas reações ou até mesmo por vergonha. É muito importante que os responsáveis saibam como agir em um momento tão delicado.

Diante deste cenário, são necessárias medidas de prevenção e conscientização. Saiba mais sobre a gravidez na adolescência e qual o papel dos pais nesse momento inesperado na vida do filho.

Dados e informações

Segundo a Biblioteca Virtual em Saúde, do Ministério da Saúde, 20% a 30% da população mundial é composta por adolescentes; já no Brasil, esse número equivale a 23%.

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), ainda no Brasil, estima-se que haja 68,4 nascimentos para cada mil meninas de 15 a 19 anos, representando 400 mil casos por ano. A Organização Mundial da Saúde (OMS) ressalta que, nesta fase, a gestação aumenta as chances de complicações para a mãe, para o feto e para o recém-nascido.

Informações divulgadas pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) revelam que um em cada sete bebês é filho de mãe adolescente. A cada hora, nascem 48 crianças no Brasil de gestações na adolescência

Riscos de gravidez na adolescência

A Sociedade Brasileira de Pediatria elenca os riscos e as complicações.

• Interrupção da vida escolar e social e aumento da situação de vulnerabilidade, principalmente em famílias de baixa renda.

• Aumento da pressão arterial e de crises convulsivas (eclâmpsia e pré-eclâmpsia), que agravam quadros de prematuridade e baixo peso do bebê ao nascer.

• Aumento em 50% de mortes perinatais na comparação com recém-nascidos de mães entre 20 e 29 anos.

Fatores contribuintes

A Biblioteca Virtual em Saúde, do Ministério da Saúde, esclarece que a desinformação sobre sexualidade e direitos sexuais e reprodutivos é o principal motivo para a gestação na adolescência, além de questões emocionais, psicossociais, falta de acesso ao sistema de saúde e uso inadequado de contraceptivos.

Fatores culturais e econômicos também estão relacionados à gravidez nessa faixa etária, como: pobreza extrema, violência sexual, falta de acesso a métodos anticoncepcionais e casamentos infantis organizados pelas próprias famílias. O número pode ser ainda maior quando os adolescentes não têm acesso à escola ou apenas à educação primária. 

Importância da educação sexual para meninas e meninos

Ainda considerado tabu, o ensino da educação sexual é essencial para promover a conscientização entre crianças e adolescentes. O objetivo é que eles estejam mais preparados para lidar com situações relacionadas à prevenção de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), métodos contraceptivos, mudanças no corpo, etc.

Além de abordar aspectos comportamentais e de saúde, a educação sexual ajuda a identificar casos de abusos dentro e fora de casa e como evitar a gravidez na adolescência. 

O ensino sexual ainda traz questões sobre a biologia do corpo humano e permite que os estudantes entendam melhor sobre seus sistemas reprodutores. A escola pode oferecer cursos, palestras, dinâmicas e atividades para trazer a conscientização de uma forma entendível para todos. 

Como pais podem ajudar os filhos?

Passado o susto da notícia da gravidez, a primeira coisa a se fazer é mostrar à adolescente que ela não está sozinha. Por mais difícil que seja aceitar a situação, o acolhimento precisa falar mais alto. É importante tentar entender como aconteceu, como é o relacionamento com o pai do bebê e ainda trocar informações com a família paterna que também deve estar envolvida. O apoio de familiares é fundamental para garantir uma gestação saudável.

A busca por orientação médica é essencial para lidar com a questão da melhor forma possível. Na Unidade Básica de Saúde (UBS), os profissionais fazem o acolhimento da adolescente e orientam para iniciar o pré-natal. Um planejamento deve ser feito para que todos os meses ela faça os exames exigidos e conte com o apoio em momentos difíceis. 

Busque suporte de psicólogos, tanto para a gestante quanto para pai da criança. O Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (Nasf-AB) está presente nas UBSs para dar apoio em momentos como esse. 

Cuidados da gestação na adolescência

Assim como em toda gravidez, alguns cuidados precisam ser tomados para garantir que a mãe e o bebê fiquem saudáveis. A gestação na adolescência precisa de atenção redobrada, devido aos riscos e ao corpo ainda não estar totalmente desenvolvido.

O acompanhamento médico é fundamental para controlar fatores, como ganho de peso, crescimento fetal, surgimento de possíveis doenças, além de prevenir complicações durante a gestação e o parto.

Em 2018, o DC de Adolescência da Sociedade Brasileira de Pediatria, em conjunto a Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, publicou um guia que ressalta a importância do empenho de profissionais da saúde, que muitas vezes "negam contracepção aos adolescentes, não só por desconhecimento técnico, mas (...) por desaprovação pessoal à atividade sexual nessa fase da vida".

O documento pontua, ainda, que "o reconhecimento dos adolescentes como sujeitos de direitos sexuais e reprodutivos é essencial para a construção e efetivação de políticas e programas, na busca mais saudável para a vida adulta" e finaliza: "As adolescentes devem ser acompanhadas por ginecologista de modo periódico após a iniciação da vida sexual. Compete ao pediatra reforçar a importância do preventivo".

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