Como a falta de tempo afeta a saúde?
O grande marco de 2020, sem dúvidas, está sendo a pandemia da Covid-19. Essa situação afetou a vida de todos e fez com que tivéssemos de aprender novas formas de trabalhar, estudar, estar com a família e nos exercitar. Mas, e quando não temos tempo para cuidar da saúde da maneira correta? Os especialistas vêm falar como é importante planejar a rotina para distribuir melhor seu tempo todos os dias. Veja nossa matéria e compartilhe!
Para muitos, em vez de sobrar tempo, faltou! E isso afeta, em cheio, a nossa saúde. Por isso, a apresentadora do programa Pague Menos Sempre Bem Bruna Thedy convidou a psicóloga Jamile Façanha e o ortopedista Rodrigo Astolfi para falar sobre o assunto.
Mesmo durante a pandemia, muitas pessoas tiveram menos tempo para realizar suas atividades. A psicóloga explica que a concentração de toda a rotina no mesmo ambiente dificultou a separação do tempo de cada tarefa. "Uma rotina estabelecida ajuda, pois em cada ambiente se faz um tipo de trabalho. Com a mudança forçada nas atividades diárias, precisamos trabalhar, ensinar as tarefas das crianças e fazer serviços domésticos."
Ainda para a profissional, a maioria das pessoas não teve o impulso de organizar uma nova rotina por acreditar que a pandemia não iria se estender. Dessa forma, não se estabeleceu um novo padrão.
Do ponto de vista físico, o ortopedista ressalta que, durante a pandemia, perdemos massa muscular. "Estudos apontam até 30% de perda de massa e fibras musculares. Mesmo estando com o mesmo peso, alguns indivíduos podem ter engordado, já que ao perder massa muscular, ganha-se gordura."
O profissional explica que fazer atividade física em casa não é fácil. "Depende da disciplina e de uma noção de exercícios muito boa. Por mais orientada que a pessoa possa estar, ela acaba errando alguns exercícios, sem falar nas limitações do próprio ambiente."
Ao ser questionada sobre a falta de continuidade das pessoas em relação as tarefas, Jamile ressalta que o imprevisível, principalmente quando oferece risco de um adoecimento sério, aumenta a percepção de ansiedade. "Quando a ansiedade atinge o pico, compromete o autocuidado". Geralmente, as consequências são a piora na alimentação: "Muita gente virou refém do 'comer emocional' para suprir a ansiedade. Houve também uma dificuldade com a rotina... fazemos um pouco de cada coisa e, ao mesmo tempo, ficamos com a sensação de não ter feito nada. Vira, então, um ciclo negativo."
Para a jornalista Sabrina Barros, o tempo de lazer é aproveitado na presença da família. A consultora Saúde Costa concorda e complementa: "Adoro malhar!". Assim como ela, a aposentada Inês Silva não fica parada e conta que pratica natação todos os dias.
Baseado nas respostas da população nas ruas, a psicóloga comemora as medidas simples de lazer. "Geralmente, a relação entre convívio e lazer está relacionada ao ambiente externo. Ficar por tanto tempo em casa dificultou a percepção de que ali também tinha oportunidade de lazer. Encontrar com os amigos no fim de semana ou sair com a família ficou perdido."
Aos 25 anos, o representante farmacêutico César Diógenes começou a apresentar picos de estresse. "Eu mantinha uma alimentação desregulada e tinha dificuldade para dormir. Busquei ajuda médica e decidi mudar o meu estilo de vida". O primeiro passo foi manter um planejamento diário: "Tenho um calendário de viagens, de aulas do MBA e controlo até os dias de lazer", explica. Para César, essas mudanças foram fundamentais para sentir-se mais produtivo no trabalho e até mais próximo da família. "Hoje me sinto mais completo", comemora.
A psicóloga explica que manter um planejamento não é uma forma de controlar o futuro. "Planejamento é uma tentativa de antecipar algo para estar preparado, mas também não é uma garantia. Isso ajuda diante da ansiedade: algo indefinido será sempre indefinido. Esse ano deixou ainda mais claro que não temos controle sobre isso."
Rodrigo complementa: "A pandemia mostrou que precisamos dar atenção a nós mesmos. Vivíamos uma rotina intensa e precisamos parar. Também nos tornamos mais ansiosos, lidamos com a família, ficamos mais sedentários... Acredito que a saúde, de maneira geral, passou a ter mais importância. Ficou claro que para se ter longevidade e chegar na terceira idade com qualidade de vida, precisamos fazer uma poupança de saúde. Diante disso, manter uma rotina de atividades físicas não é uma opção."
"Precisamos viver, dia após dia", complementa Jamile.
Fonte: Jamile Façanha (psicóloga) e Rodrigo Astolfi (ortopedista)