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Rede de apoio é essencial para superar a depressão


Atualizado em:

Tempo estimado: 7 min

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Rede de apoio é essencial para superar a depressão

Estresse, ansiedade, disfunções hormonais, problemas na tireoide, excesso de peso, fibromialgia, traumas físicos ou psicológicos… A lista de fatores que podem desencadear a depressão é extensa, mas o tratamento tem resultados positivos em 80% a 90% dos casos. É nessa fase que deve entrar em cena a rede de apoio, pessoas próximas ao paciente que são essenciais para ele superar a depressão e retomar a qualidade de vida.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde - OMS, o Brasil é o país com maior prevalência de depressão da América Latina. Pesquisas apontam que cerca de 12 milhões de brasileiros têm o transtorno, mas apenas 16% procuram ajuda. A depressão precisa ser tratada de forma contínua, como uma diabetes ou hipertensão. 

A jornalista Nina Ribeiro sabe bem da importância do tratamento. Para ela, a doença iniciou como um pânico. “Tudo começou com ataques súbitos. Eu sentia como se estivesse morrendo; às vezes, vinha a vontade de vomitar que eu precisava correr ao banheiro; em outras ocasiões, o coração acelerava mesmo eu estando parada. Houve noites em que eu não dormi por falta de ar, era comum sentir aperto no peito”, revela. 

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Com o tratamento, a jornalista voltou a realizar suas atividades habituais, porém, não demorou a sentir que havia mais ali. “Eu estava recém-formada, desempregada, sem querer lidar de frente com a frustração de não ter conseguido emprego ao fim da graduação (isso pra mim era uma obrigação)”, relembra. Nina foi diagnosticada com depressão.

O que é Depressão? 

A psicóloga Rafaela Câmara diz que antes de definir depressão, o primeiro passo é deixar claro que ela é totalmente diferente de tristeza ou desânimo passageiro. “Acredito que muito do preconceito existente em volta desse tema surja devido à falta de conhecimento”, afirma. 

Depressão é uma doença que se caracteriza por uma tristeza intensa e de longa duração, a ponto de afetar a rotina, vida profissional e social do indivíduo. “Esses prejuízos são visíveis e muitas vezes tornam o sujeito disfuncional. Assim, ele passa por modificações no sono, nas capacidades de pensamento, memória, raciocínio lógico, na organização emocional, entre outros”, detalha a profissional. 

O problema é que eu não cuidei da minha qualidade de vida. Ficava o dia todo sozinha em casa, mergulhada na internet, fugindo. Achava ruim estar sem trabalho, mas, ao mesmo tempo, não corria atrás. (Nina Ribeiro)


Sintomas da Depressão

Pessoas com depressão também podem apresentar outros sintomas, como choro fácil, dificuldade para manter os cuidados de higiene básicos, alteração de peso, fadiga, sentimento ruim, falta de esperança, agitação e maior sensibilidade para dor.

Foi o que aconteceu com Nina, “Eu adoeci. Insônia, perda de memória (não lembrava se já tinha tomado banho no dia ou se havia sido no dia anterior… aí eu perguntava pra minha mãe), dores de cabeça que só paravam quando eu me deitava, perda de interesse nas coisas”, lembra.

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Tratamento

Rafaela destaca que a depressão é, sim, uma doença que precisa ser medicada. “O paciente deve ser acompanhado por um psiquiatra e um psicólogo para que possa realizar o tratamento e ter qualidade de vida. Pacientes que têm depressão e não fazem o tratamento adequado caminham para uma piora do quadro com prognóstico bem ruim”. 

As pessoas não sabem a melhor forma de lidar, tentam animar a gente da forma errada, como se fosse apenas uma questão de escolha, de decidir ficar bem. (Nina Ribeiro)


Papel dos amigos

É difícil saber o que dizer para uma pessoa com quadro depressivo. Mas Rafaela afirma que todos nós temos um importante papel no suporte ao paciente com depressão. Em primeiro lugar, é preciso lembrar que superar a depressão não é uma questão de força de vontade.

“A pessoa que sofre de depressão precisa de alguém para escutá-la e acolher sua dor. E o que você deve fazer nesse momento é orientá-la a procurar ajuda o mais rápido possível, ou até mesmo auxiliá-la nessa busca”, recomenda a especialista. Quando o nível de desânimo é muito grande, com pensamentos negativos o tempo todo, até para movimentar-se em busca de ajuda é difícil.  

Rede de apoio 

Uma rede de apoio é de extrema importância para todos os pacientes em tratamento, pois, além dos especialistas da área, ela é que vai estar com o indivíduo a maior parte do tempo e conseguirá observar mudanças, além de ajudar na retomada das atividades. 

Quem deve fazer parte dessa rede de apoio são as pessoas mais próximas ao paciente, em quem ele confie e que estejam em seu convívio diário(Rafaela Câmara)

Nina ainda sente dificuldade de identificar sua rede de apoio. “Depois que eu adoeci e comecei a me tratar com medicação, eu descobri amigos que já tinham algum transtorno de saúde mental. E acho que essa foi minha rede de apoio improvisada”, revela a jornalista.

Ela explica que “quando um amigo não está bem, os outros tentam encontrar formas de animá-lo, porque nós temos a vantagem do conhecimento real da coisa. Por termos vivido, a gente sabe melhor do que ninguém como agir, como tratar a pessoa”, completa.

Depressão e Suicídio

Rafaela explica que existe, sim, relação entre depressão e suicídio. De acordo com a profissional, “não são todos os casos de depressão que vêm acompanhados da ideação suicida, mas, quando esse pensamento se apresenta, a atenção ao paciente deve ser redobrada. Elas podem ver o suicídio como uma forma de cessar o sofrimento". 

EM 2020, APROXIMADAMENTE 1,53 MILHÃO DE PESSOAS NO MUNDO MORRERÃO POR SUICÍDIO

(Fonte: Organização Mundial da Saúde)


Setembro amarelo 

O Setembro Amarelo é uma campanha para conscientizar sobre a prevenção do suicídio. No Brasil, o movimento foi criado em 2015 pelo Centro de Valorização da Vida, Conselho Federal de Medicina e Associação Brasileira de Psiquiatria, com a proposta de associar a cor ao mês que marca o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio (10 de setembro).

#Dica da Especialista

A rede de apoio deve servir de suporte ao paciente e ser composta por pessoas que possam orientar e ajudar o indivíduo a manter o tratamento e enfrentar as crises. Durante uma crise, o ideal é a rede avisar aos especialistas que acompanham o paciente e ficar atenta a algum comportamento que esteja muito fora do padrão.

O melhor caminho para ajudar é sugerir passeios, convidar para dar uma volta na praia, fazer algum trabalho manual e até mesmo atividades físicas, sempre, respeitando as limitações que a pessoa apresentará no momento.

Uma amiga me disse uma coisa que transformou minha forma de ver a depressão. Ela falou que devemos cuidar da nossa saúde, e não da nossa doença. (Nina Ribeiro)


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Fonte:

psicóloga rafaela camara

Rafaela Câmara

Psicóloga clínica e organizacional especializada em Gestalt Terapia - CRP 11/07181 | Instagram: @rafaelacamarapsicologa 

Referências externas: e-book Vittude - Depressão: tudo o que você precisa saber