Violência contra o idoso: precisamos conversar sobre isso

A violência contra o idoso é um assunto que preocupa cada vez mais. Se em 2019 houve o registro de cerca de 48,5 mil denúncias, e, em 2020, de 77,18 mil; só no primeiro semestre de 2021, o número foi de 33,6 mil, segundo levantamento.

Apesar desses números se relacionarem bastante ao isolamento social, também mostram a necessidade de políticas públicas que protejam essa população vulnerável. No post de hoje, vamos entender melhor o cenário de violência ao idoso e o que podemos fazer para combater. Boa leitura!

Tipos de violência contra o idoso

Quando pensamos em violência, o termo é rapidamente associado a algo físico, como bater em alguém. Entretanto, em âmbito jurídico, a palavra abrange mais significados e se refere a diferentes formas de uma pessoa ser vítima.

A violência ao idoso se divide em dois grupos: visível, que é quando ocorrem lesões e/ou morte; e invisíveis, que são formas de provocar sofrimento emocional e psicológico.

De forma mais precisa, são considerados tipos de violência contra o idoso:

- Violência física

- Violência psicológica

- Negligência

- Abandono

- Violência institucional

- Abuso financeiro

- Violência patrimonial

-Violência sexual

- Discriminação.

Vamos compreender melhor cada tipo.

Violência física

Este é o tipo de violência que se encaixa no grupo das visíveis, embora isso não seja regra. O agressor ainda pode agredir em locais cobertos pela roupa ou aplicar tapas e outras formas que não deixam vestígios.

Muitas vezes, esse tipo de violência é cometido por familiares e cuidadores, o que a torna mais difícil de denunciar.

Violência psicológica

Já a violência psicológica entra no grupo das invisíveis, o que também a torna difícil de ser percebida e denunciada. Exemplos desse tipo de agressão são xingar, diminuir a pessoa, tratar com desprezo, humilhar, afastar do convívio social, insultar, ameaçar, atacar a autoestima etc.

Negligência

Negligenciar o idoso significa recusar ou omitir cuidados a ele. Isso pode acontecer tanto em casa, pela família ou por cuidadores, como em instituições especializadas em atender esse grupo, como casa de acolhimento, lares etc.

Abandono

Já o abandono está relacionado quando o idoso é deixado desamparado, sem ninguém para ajudá-lo e nem para prestar os cuidados necessários.

Violência institucional

Este tipo de violência é referente a instituições públicas ou privadas que cometem atos contra o idoso. Exemplos disso são agressões físicas ou verbais, atos de abuso, alimentação fornecida de forma incorreta, má administração de medicamentos etc. 

Abuso financeiro

Forma de violência bastante comum, o abuso financeiro, na maioria das vezes, acontece por parte dos próprios familiares, que utilizam do dinheiro e dos cartões de idosos para benefício próprio.

Violência patrimonial

Aqui, é quando o idoso é forçado a assinar documentos, procurações, contratos e outros para beneficiar alguém, que não ele. Assim como o abuso financeiro, é comum que os próprios familiares cometam esse ato.

Violência sexual

A violência sexual contra o idoso é uma realidade. Hospitais, casas de repouso ou, até mesmo, a própria família podem cometer abusos ao corpo da pessoa, sobretudo de mulheres em situação de vulnerabilidade física — acamadas, com dificuldade de andar etc.Justamente por se aproveitar de pessoas que podem estar doentes, esses idosos podem não conseguir denunciar o crime.

Discriminação

Por último, a descriminação. Este tipo de violência acontece quando o idoso é menosprezado, diminuído, desrespeitado por conta da idade e das características. O ageísmo, conceito que define o preconceito etário, é uma palavra que vem sendo bastante discutida, com o objetivo de expandir a reflexão sobre o valor da pessoa na terceira idade.

Como prevenir a violência contra o idoso?

Prevenir a violência não é fácil, assim como denunciá-la. Por parte do idoso, isso acontece porque ele pode sentir vergonha ou medo, assim como não ter acesso às informações para entender que crimes estão sendo praticados contra ele.

Por parte da família, pode não ser fácil identificar que a pessoa está passando por algum tipo de violência. Pessoas com algum tipo de demência, por exemplo, provavelmente terão muita dificuldade em expor o que está acontecendo. Entretanto, há algumas dicas úteis para ajudar quem está em situação de maus tratos. Vamos conferir:

- Observar o idoso com atenção para identificar violência visível e mudanças de comportamento (depressão, alteração de humor etc.) que indiquem isolamento, medo e tensão.

- Observar, também, quem são as pessoas que cuidam desse senhor para identificar se há sinais de ser alguém agressivo ou que possa cometer qualquer tipo de violência.

- Olhar com atenção se os medicamentos estão em ordem, se o idoso aparenta estar mal de saúde, se a alimentação é adequada, se o quarto está em boas condições e como a família ou os cuidadores prestam ajuda.

- Observar se há familiares que aparecem apenas em datas de recebimento de aposentadoria ou que pressionam o idoso para assinar documentos, dar algum cartão etc.

- Estar atento se existe recusa de toque físico, ajuda ao trocar fraldas ou tomar banho e falas que possam estar relacionadas à violência sexual.

- Não aceitar que outras pessoas façam piadas, comentários ofensivos, falas pejorativas e xingamentos contra idosos.

É muito importante espalhar informações para os mais novos, cuidadores e familiares, assim como o próprio idoso, para que a qualquer sinal de violência, seja prestado o acolhimento e a busca pelos direitos da pessoa.

As práticas citadas não podem, de forma alguma, serem normalizadas. O idoso é um humano com direitos e que merece respeito, proteção e dignidade.

Ensinar crianças e adolescentes a respeitar o idoso também é fundamental, para que o ageísmo e outras violências não continuem a ser propagadas.

Onde denunciar a violência contra o idoso?

É muito importante ter em mãos os contatos de órgãos responsáveis pela proteção do idoso. Em caso de violência, ligue 100. As ligações são gratuitas, podem ser feitas de qualquer território brasileiro, de celular ou telefone fixo.

Outros órgãos que podem ser procurados são delegacias especializadas em idosos (caso não tenha em sua cidade, busque qualquer delegacia), conselhos estaduais ou municipais que lutam pelos direitos dos idosos e Ministério Público.

Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa

O dia 15 de junho foi definido para a conscientização da violência contra a pessoa idosa. A data foi fixada pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela Rede Internacional de Prevenção à Violência à Pessoa Idosa com o propósito de alertar o mundo para os abusos e as agressões cometidas contra a terceira idade.

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